RASGO DE NOITE

Na manhã, incrivelmente clara
Quando o sol a tudo ilumina
E colore a vida...

Na manhã, incrivelmente bela
Quando os pássaros se refestelam em pequenas poças de lágrimas
Caídas dos olhos da noite que passou...

Na manhã, incrivelmente pura
Quando os deuses abençoam aos que se abraçam
E a terra permite que se lhe marque com pegadas e sementes...

O mar, salpicado de gotas de luz,
Calmo nas preguiçosas ondas de seus cabelos anelados,
Exibe algo inusitado.

Flutua por sobre suas águas de safira
Um rasgo de noite.
Um lenço,
Que enxugara as lágrimas de uma despedida silente
E que, na pressa da fuga,
Ante a chegada do majestoso guardião de donzelas incautas,
Caíra por entre as dobras do vestido azul-marinho, bordado de estrelas cintilantes
Daquela incógnita amante .

Rompe as águas sonolentas frágil jangada!
Pescador selenita, incipiente de suas origens,
Vê aquele lenço azul e encanta-se,
E recolhendo-o, prende-o ao mastro de sua embarcação.

Ao vento, infla-se o lenço,
Ao sol, destaca-se o azul,
Aos olhos, o segredo se revela.
E, na manhã incrivelmente clara,
Um rasgo de noite flutua sobre o mar...
      

Terezinha de Almeida

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